quarta-feira, junho 14, 2006

L'avventura

Não, essa não é a letra da quase obra-prima música da Legião Urbana. Muito pelo contrário, isso aqui de obra-prima não tem nada. É apenas mais uma aventura. Melhor dizendo, uma opinião.

Dia desses, quando eu estava de folga das minhas obrigações para com Il Direttore e o QG, eu resolvi ir ao cinema, meu hobby favorito nas horas vagas. Eis que me deparo com a exibição d’ “O Código Da Vinci”, baseado naquele livro famosíssimo e que causou a ira da Igreja Católica e dos cristãos em geral. Dan Brown (o autor do livro) deve ter ficado com os seus (já meio ralos) cabelos em pé, ao assistir essa adaptação um tanto quanto medíocre do seu livro (que, convenhamos, é um pouco “fogo-de-palha” também)

Entrei na sessão e já fiquei revoltado. O que era aquele monte de gente jogando pipoca uns nos outros? Aaaah, se eu não estivesse de folga... enfim, tentei me concentrar na imensa tela branca em minha frente, e passei a fantasiar: enxergava mares calmos, barquinhos navegando tranqüilamente nesses mares, até pensei ter sentido uma leve brisa marítima em meu rosto, que logo se revelou ser o bafo um tanto úmido de uma senhora na cadeira de trás. Voltei a imaginar na tela branca: os mares calmos, os barquinhos, a brisa (colaboração da senhora atrás de mim), e pensei naqueles céus azuis bem azuis, sem nuvens, que caracterizam uma tarde agradável. Fiquei imaginando isso até ter a impressão de ver a minha tia minha, lá da saudosa Itália, cujo nome eu não sei por força de uma tradição familiar (seu nome nunca deve ser pronunciado, é amaldiçoado, mas que eu sei ser horrível de rosto e reputação) saindo do meio do mar e berrando a plenos pulmões: “ - Retardado! Retardado!”

Saí desse mini-sonho com um moleque de uns oito anos de idade jogando pipoca na minha cara e falando para a mãe dele, bem ao lado, que o tio estranho e de orelha pequena ali do lado dele estava babando olhado pr’aquela parede branca, bem ali, na frente deles; no que a mãe, compreensiva, pediu para que continuasse jogando a pipoca, enquanto ela chamaria o lanterninha para retirar o retardado dali. Acordei, e com um gesto que fiz o menino parou. O filme começou.

Para dizer a verdade, não estou aqui para julgar o filme, mas eu vou dizer algumas coisinhas sobre: olha, nunca uma adaptação foi dirigida tão estranhamente como essa. Olha que lá de onde eu venho, não se tem costume de fazer adaptação para cinema, e quando fazem, fazem direito. O diretor, Ron Howard, fez umas bobagens no filme que deixou parecido com o outro filme dele, “Uma Mentre Brilhante” (que ganhou Oscars de Filme, Diretor, Roteiro e Atriz Coadjuvante para a Jennifer Connely). Ou seja, tranformou o “Código...” em mera fotocópia do seu filme de maior sucesso de crítica, pensando que iria atingir o mesmo alvo duas vezes usando o mesmo dardo. Errou feio.

Mas, durante a sessão, alguns inconvenientes: o menino não parou de me tascar pipoca na cara, a mãe dele ainda pensou que eu estava catatônico e quase chamou a policia, tomei uma cotovelada na cara, quando uma pessoa não-indentificada tomou um susto em determinada cena e pulou da cadeira, caindo justamente em cima de mim. Sim, senhor, assistir a esse filme acabou sendo uma dupla aventura: essas coisas que me perseguem toda vez que entro no cinema; e ver um filme com uma premissa tão boa ser deteriorado por profissionais incompetentes. E tenho dito.

[Luiz, 13/jun/06]

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Nossa, que coragem, colega! Ir ver este filme sozinho numa sessão de matinée?
Mas, principalmente... QUE PACIÊNCIA!!!

18:13  
Anonymous Anônimo said...

Não gostei da crítica feita ao livro (no comecinho). O livro é fantástico. Realmente a direção do filme pecou feio na adaptação. Adorei a aventura do pivete fdp aí tacando pipoca kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Beijos

14:02  

Postar um comentário

<< Home